O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

========================

Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

=======================

Por motivos alheios algumas das imagens não abrem no tamanho original. Nesse caso podem selecionar “abrir imagem num novo separador” ou “Guardar imagem como…”.

28/08/07

355-CR-AEE, do Aeroclube da Beira

Este avião é referido no artigo 54-FAV.

Este é o Chipmunk do ACB, foto tirada em Jan '64.Vê-se a esposa Elizabeth Hamilton , e a cadela "Boxer" Cindy, de Dion Hamilton . Ele tirou o brevet neste aviao com o então Sargento Aviador da FAP e mais logo Comandante da TAP, Luis Vieira da Silva como instrutor.
Foto e comentário de Garth Hamilton, filho de Dion Hamilton, já referido neste blog.
Dados do avião de Cte. Vilhena.

24/08/07

354 - Venturas e Aventuras em Moçambique



Do livro de Cristina Malhão-Pereira recentemente publicado pela Editora Civilização, alguns excertos interessantes sobre a Aviação em Moçambique:
....o Zé (Comandante Malhão-Pereira, à altura Comandante da Capitania do Porto de Inhambane 1971/1975) concluiu que lhe era muito útil tirar o brevet. Decidiu-se pois e passou a ter aulas de pilotagem. As lições praticas eram de manhã muito cedo e as teóricas à noite. O grupo de alunos era diminuto, apenas quatro, sendo um deles, o Fernando Farinha que era um construtor civil local, Os outros dois, uns jovens com vontade de mais tarde se tornarem pilotos comerciais.
O controlador aéreo de Inhambane era o Zagalo Paz, uma pessoa encantadora, óptimo profissional, exigente quanto a segurança, um rapaz muito bem-educado e que fazia bom ambiente, Os pilotos já antigos do Aeroclube (90 - 137), eram gente com vidas interessantes, Um deles era o Victor Nunes, pertencente a uma das famílias mais abastadas da região, donos de varias lojas e gente de trato agradável. Por todas estas razoes e também porque o Aeroclube se situava num local muito bonito e tinha uma cafetaria simpática, em breve grande parte dos nossos dias se passavam nessa zona.
Mal nos foi permitido. Ou seja assim que o Zé foi largado (isso aconteceu após sete horas a treinar com o instrutor), começamos a voar no delicioso Piper Cub. Era esse avião, tal como os outros, pertença do Aeroclube. Era um aparelho muito gracioso mas rudimentar e só podia transportar duas pessoas. O piloto seguia na dianteira a dirigir, o instrutor/passageiro sentava-se quase colado às costas do primeiro, ficando as duas pessoas completamente espartilhadas pelas paredes do avião, que eram em tela.
Cada vez que em Inhambane havia fosse que festival ou actividade fosse, a casa da Capitania enchia-se com visitas.
Dessa vez vieram todos os que gostavam de aviões. Foi um Festival bastante importante. Tivemos pára-quedistas, incluindo a celebrada Carmo Jardim, (237) um rally aéreo, vários tipos de aviões executando habilidades, helicópteros e acrobacias. (303)
Eu consegui ser convidada para um passeio de helicóptero. Foi uma emoção, uma vez que o aparelho era quase todo em vidro* (200). Também andei de Harvard mais conhecido por T-6, que era o avião que se usava em combate nessa época no Ultramar.
No entanto o máximo dos máximos foi a minha experiência em acrobacia. Largamos, só o piloto e eu, sentada ao seu lado ** (74). Já lá em cima começamos por executar figuras fáceis. O piloto ia-me olhando e perguntando se eu queria continuar. De looping em perda, chegamos ao máximo das figurar acrobáticas. A minha cara eu não vi e portanto não sei, mas quando olhava para a cara do piloto, via-lhe a s bochechas todas repuxadas para trás devido aos G’s, e todo o seu rosto era uma sucessão de ondas de tremeliques. Medo não tive nenhum, antes pelo contrário, de cada vez que voávamos de pernas para o ar e o horizonte se invertia, eu achava fascinante. Só sei que quando pousamos, correram para a porta do avião varias pessoas, incluindo o serviço de macas, pois julgaram que eu estivesse desmaiada. Foi a maior das surpresas, incluindo para o meu marido, ver-me sair pelo meu pé, sorridente e bem disposta.
Quando passei para o papel todas estas lembranças, embora muitas estejam por mim fixadas em diários da época, ate eu própria comecei a duvidar das minhas memorias......Muitas destas historias como é o caso desta ultima, graças a Deus têm a confirmação de terceiros, ou seja dos outros intervenientes na acção. Há pouco tempo falando coma a Patucha Jardim, ela facilitou-me o contacto do piloto de acrobacia com quem esta ultima aventura se passou, ou seja, o Sr. Rui Monteiro (60). Teve este senhor a amabilidade de vir aqui à nossa casa de Caxias e de connosco relembrar todas estas façanhas e de me trazer a sua caderneta de voo, onde o meu nome está inscrito como passageira nesse memorável dia.
Dirigimo-nos no dia seguinte ao aeroporto onde apanhamos um avião para a Ilha do Ibo. Quem nos transportou foi um piloto muito simpático, alegre e bem disposto, o Zé Quental (196). Quando aterramos ao abrir a porta disse:
“Be very welcome to the Ibo International Airport”
Era pouco mais que um prado onde com dificuldade uns garotos evitavam que os rebanhos pastassem.
* Bell 47G5A da HEPAL
** Provavelmente atrás do piloto já que se trataria do “Chipmunk” CR-AEK do Aeroclube de Moaçambique

Obrigada Cte. José Vilhena pela cedência do texto e foto. E já agora pela paciência que tem comigo.

21/08/07

353-Cte. José Delfim Amaral Salbany


José Salbany, nascido em Moçambique a 23 de Agosto de 1947, sobrinho do saudoso Eng. Luís Fontes Salbany, funcionário superior do Serviço de Aeronáutica Civil (post 206).
Apenas uma pequena correcção a bem da verdade, o Cte. Salbany não é o comandante mais antigo da TAP, mas sim o quinto mais antigo no activo e vai continuar a voar por mais 5 anos.
Artigo copiado da Revista Sábado.
Comentários do Cte. José Vilhena.

352-Carlos Borges Delgado Júnior (esq.) um dos primeiros pilotos da DETA


Carlos Borges Delgado Júnior (esq.) um dos primeiros pilotos da DETA , fotografado com José Maria Pires do Vale.

Nos finais de 1936 foram enviados para a África do Sul, mais precisamente para o Witwatersrand Technical College´s School of Aviation, os alunos-pilotos Gabriel da Visitação Zoio, Carlos Borges Delgado Júnior e José Maria Pires do Vale, além dos mecânicos/rádio telegrafistas Albino Duarte Lopes, José Monteiro Júnior, José Amado Neves, Francisco Ernesto Barroso, Virgílio Peixoto e Francisco Emanuel Leite Fragoso.

O objectivo consistia na obtenção da licença de piloto de transporte público. Foi seu instrutor o Capitão E. M. Donnelly e terminaram o curso em finais de 1937.

Borges Delgado foi posteriormente chefe de tráfego da DETA entre 1943 e 1956, continuando a voar como piloto. Atingiu as 9.000 horas de voo antes de se retirar definitivamente da aviação.


Foto e comentários do Cte. José Vilhena.

Para a sobrinha Marocas. O Seu Tio já foi referido noutros artigos (143, 267 e 330). Fico a aguardar as possíveis preciosidades do espólio aeronáutico do seu Tio.
Obrigada

Luísa

20/08/07

351-CR-AIS no caldeirão do rancho em Muze, Tete.


Muze

Muze
Acidente na localidade de Muze (Distrito de Tete) a cerca de 60 Km de Zambué, estrada Fingoé - Zambué a 24 de Dezembro de 1967. Fotos do Coronel Francisco Félix

349-Avião da TAZ - Transportes Aéreos da Zambézia (pela pintura da cauda)


Foto copiada daqui.
Certamente um destes da TAZ - Transportes Aéreos da Zambézia (pela pintura da cauda).
Pelo nariz, comum à série C e D, apostaria no primeiro.

Comentários de Cte. Vilhena.

Onde se presume que o esquema de pintura da cauda dos aviões da TAZ era as 4 listas horizontais paralelas, não é completamente correcto. Foi de facto assim durante alguns anos. Os aviões azuis claro ou de 2 tons e as 4 listas em azul-escuro. Os CR-AHI e CR-AJA que a Taz vendeu à TAN eram assim e assim se mantiveram até porque o sócio maioritário da TAN era a TAZ.

É minha convicção que o Aztec do item 349 é o CR-AJA da TAN (aquele esquema de pintura na fuselagem frontal só foi usado neste avião e com as necessárias adaptações por o nariz ser mais curto, no CR-AHI.

Comentários de Cte. Vitor Silva

16/08/07

348-CR-AHD, da TAM e TAC


Muidumbe - Moçambique - 1966 - Visita do Administrador de Mocímboa da Praia

O meu Obrigada pela foto oferecida a Fernando Vouga.
O meu Obrigada ao Cte. Vilhena pela identificação do avião.

Comentário do Comandante Vítor Silva:

Imprimi a fotografia mandei ao Rolando Mendes para tirar a limpo umas dúvidas. Por telefone disse – me o seguinte:

O piloto do Comanche era ele próprio, na fotografia frente à asa direita, de costas e mãos na anca .

Informou também que este avião foi comprado à TAM pela sua empresa (TAC- Nampula) depois de algum tempo ao serviço da TAC.

Ficaram assim esclarecidas as minhas dúvidas, pois não percebia como podia operar em Cabo-Delgado num voo local (Mocimboa – Muidumbe) um avião duma empresa com sede na Beira (TAM).


Obrigada Comandante Vítor Silva .



08/08/07

347-Algumas achegas ao Horizonte dos Pioneiros - II parte


Resposta do Comandante José Vilhena, ao conteúdo do artigo anterior publicada na Revista mais Alto, de Set/Out 2007 e abaixo transcrito.

"Mais uma vez tivemos oportunidade de ler um excelente artigo sobre a História da Aviação em Moçambique, na revista Mais Alto de Jul/Ago de 2007.
Armando Torre do Valle é indubitavelmente uma figura incontornável quando se escreve sobre a Aviação da nossa ex-colónia.
Que gosto e que prazer terão de certo todos os Moçambicanos quando lêem os feitos deste Pioneiro da Aviação, Homem de visões largas e uma tenacidade ímpar.
Obrigado Dr. Vasco d’Avillez por nos permitir recordar esta página notável da História da nossa Aviação.
Contudo não posso deixar de lhe enviar duas pequenas notas de roda pé em relação ao que escreveu, sem contudo pôr em causa a veracidade do conteúdo do seu excelente artigo.
Quando refere que eu afirmei que”...Torre do Valle efectuou a sua ligação aérea Moçambique – Inglaterra e não a ligação aérea Moçambique – Metrópole...” , mais não faço do que historicamente revelar uma obvia constatação. Lendo o seu artigo, descreve e bem que Torre do Valle e o seu Gaza III “...parte de Lisboa com a sua mulher Emma no dia 19 de Junho de 1933 via Madrid, Biarritz e Paris aterrando em Londres em 22 de Junho ...”
Parece, desde sempre, ter sido este o objectivo final do intrépido aviador, quando a 1 de Abril de 1933, descolou do Xai Xai (Chai-Chai como era escrito naquele tempo, já que no novo e independente Moçambique transformou o “Ch” em “X”, vá.se lá saber porquê). É natural que toda este epopeia tivesse na imprensa de então, como bem aponta, um valor sentimental e político importante na ligação da Colónia à capital do Império, levando-a a empolgar o facto de se tratar de um raid aéreo Moçambique – Metrópole. Semântica à parte, se bem me lembro, sempre em Moçambique se considerou o destino final como as terras de Sua Majestade, o que torna o feito foi bem maior para a época, acrescentando ao palmarés do aviador, o percurso Alverca – Londres.
A isto se refere, como pode constatar, o “Notícias” de Lourenço Marques a 1 de Abril de 1964, data da comemoração dos 31 anos da efeméride. (Post 236).
Em relação ao Gaza V, o DeHavilland Hornet Moth “CR-AAC” que pertenceu a Torre do Valle, convém a bem da verdade histórica acrescentar que este avião foi cedido/vendido à DETA em 1936, passando a fazer parte da sua frota até Agosto de 1967, altura em que o mesmo foi oferecido ao Aeroclube de Moçambique, numa cerimónia presidida pelo Eng. Fernando Seixas, na altura Director dos CFM (Caminhos de Ferro de Moçambique), e pelo Eng. Abel de Azevedo (Director da DETA). (Post 50).
Em 1972, e não “...depois de 1974....” como afirma, foi o mesmo oferecido ao Museu do Ar em Alverca pela direcção do Clube, passando a fazer parte do seu espólio, pois estava imobilizado já há uns anos no fundo de um hangar, (tal como o seu irmão CR-AAA ainda em poder da LAM, empresa que sucedeu à DETA), graças à inexistência de peças de substituição. (Post 118)
José Vilhena"

346- O Horizonte dos Pioneiros, 2ª. Parte, de Dr Vasco Torre do Valle d'Avillez

Ver a 1ª. Parte no artigo 335.

Nota:
Este artigo foi copiado, com a devida vénia, da Revista Mais Alto, da Força Aérea Portuguesa, de que sou assinante, pelo seu Elevado Interesse.

Clicar nas imagens para ver o tamanho original.




03/08/07

342-Aeroclube da Beira - Situação actual

Artigo do Diário de Moçambique , de 30 de Julho de 2007
Clicar nas imagens, para ver o tamanho original

Obrigada Chico Ivo.