O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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04/10/06

29 - Histórias do Cte Faria Pedroso sobre a TAZ e TAG e Cte Durval.

............Como sempre, quando eu idealizava uma coisa, do pensar ao realizá-la era obra de momento. E assim fundimos os Transportes Aéreos do Gurué com os Transportes Aéreos da Zambézia, e naquela fabulosa Zambézia passou a haver só uma companhia, a T.A.Z..Eu era sócio também.
Foi, sem dúvida, a Companhia mais bem montada e organizada que existiu em Moçambique........
..Quelimane não tinha porto de mar decente. Não tinha hospital decente. Não tinha muitas coisas, mas tinha a sua T.A.Z. e isto significava muito!
E os mosqueteiros do ar fizeram-na andar para a frente....

.....um dos casos mais tristes da minha vida aeronáutica.
Morreu-me um dos maiores amigos dentro do próprio avião: o Camacho da Cruz. Era uma tarde tenebrosa de tempestade e voávamos de Nampula para o Gurué. Consegui chegar a trinta km, mas a chuva era tanta e varri as serras de tal maneira, que a aproximação tornava-se muito difícil e perigosa.
Ao meu lado no "Piper Comanche", vinha o Sá Melo, Recrutador Geral do Gurué e, atrás, o Camacho. Ele sofria do coração e, embora tivesse muita confiança em mim alfigiu-se.........
........O público, em geral, ganhou tanta confiança na rapaziada da T.A.Z. que até já abusava. Era frequentíssimo chamarem a qualquer hora da noite um avião para transportar um doente grave ou ferido. Tudo isso era natural, se os campos a que os aviões tinham de ir, estivessem nas devidas condições, para aterragens nocturnas.
Mas não.


Cte. Durval, da TAZ.

Foto do Cmte Durval
Lembro-me de uma vez o Durval ser chamado a Milange, de noite, porque um funcionário Administrativo, ao limpar uma pistola, tinha metido uma bala na cabeça e, ou o homem vinha ser operado imediatamente ou morria.
Estava um tempo dos diabos, mas o Durval foi. Ele disse-nos que esteve para voltar para trás, não sabe quantas vezes. Há muitas serras à volta de Milange; ele não via nada e tinha que lá descer.
Lembrava-se que se não fosse, o homem morria. E é este o verdadeiro espírito do piloto.....

Mas não foi só ele. Todos os outros passariam o mesmo noutras ocasiões.
( Cmdt. Faria Peixoto)


Acho linda esta homenagem feita a todos pilotos.... seus colegas!!!

São Camposinhos

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